quarta-feira, 7 de maio de 2014

É melhor esperar pela justiça de Deus, porque a dos homens...

(Por Fernanda Melo)


A que ponto pode chegar o ser humano? Esta e outras perguntas sempre me vem à mente toda vez que vejo noticiado na mídia as perversidades praticadas contra uma pessoa.

Há alguns dias, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 31 anos, foi covardemente linchada até a morte no Guarujá, litoral sul de São Paulo. Moradores praticaram tal ato depois de uma falsa acusação de que ela sequestrava crianças. Este poderia ser apenas mais um caso de violência e “justiça pelas próprias mãos” se não fosse por “apenas” um detalhe: a vítima era inocente. Mas o que teria levado dezenas de pessoas a espancá-la? Vontade de praticar a justiça? Ineficiência do Estado? Ou mesmo a crueldade, que extrapola em nós, seres humanos? Ficam as perguntas, mas vão-se pessoas inocentes, mães e pais de família que nem sequer tiveram a oportunidade de se defenderem.

Ontem, assisti a um vídeo onde o conceituado jornalista Ricardo Boechat, que trabalha em uma grande emissora nacional, criticou a atitude dos marginais que atacaram a dona de casa. Até aí, tudo bem, concordo com todas as observações que estão sendo feitas contra o ato violento. Mas para fechar seu comentário, Boechat mandou uma indireta à jornalista Rachel Sheherezade, que em outra ocasião comentou que seria compreensível a atitude da população, frente à ineficiência do Estado, ao tentar realizar a justiça com as próprias mãos (foi o caso de um suposto assaltante amarrado a um poste na zona sul do Rio de Janeiro). Boechat ainda sugeriu que esta seria a hora de pessoas que “incentivam” tais atos viessem a público e dissessem como se sentem depois da consumação de sua própria teoria na prática.

Não pretendo defender um, muito menos o outro jornalista. Ambos tem a sua parcela de razão. Nas ruas, as opiniões se dividem. Muitos brasileiros, acostumados com a lentidão da justiça em nosso país, decidem partir para a violência, praticando tais atos. É claro que esta não seria a melhor maneira de punir a um bandido. Mesmo porque fazer um pré-julgamento não é e nunca será uma atitude louvável e muito menos correta. Mesmo com tanta ineficiência, improdutividade e lentidão da justiça em nosso país, não cabe a nós sentenciarmos e punirmos um suspeito.

Este caso da dona de casa será, tomara que sim, um alerta para nós homens refletirmos e pensarmos duas ou mais vezes na hora de tomarmos qualquer decisão. Afinal, vidas estão em jogo. Vamos deixar que a justiça, se não a dos homens, pelo menos a de Deus que é perfeita, seja feita. Não vamos acreditar naquela famosa frase que a justiça de Deus tarda, mas não falha. Falhar, na verdade, não falha mesmo, mas ela nunca tarda. Vem na hora exata!

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